Categoria: Estudos-piloto

Rede COLABORAR ajuda a criar tecnologia para pessoas com demência

Recentemente arrancou mais um projeto do Fraunhofer Portugal AICOS: AUTONONOUS. Trata-se de um sistema de Inteligência Artificial (IA) que pode ser integrado em tecnologias já existentes, como os smartwatches, para ajudar as pessoas com demência a realizar atividades do seu dia-a-dia e prolongar a vida independente em casa.

O projeto envolve atividades de co-design e testes de usabilidade da tecnologia. Mais uma vez,  a rede de voluntários do Fraunhofer Portugal AICOS – COLABORAR – será fundamental nesse sentido. Ao longo do projeto AUTONOMOUS e do desenvolvimento das soluções propostas haverá um trabalho contínuo e de proximidade entre os investigadores e pessoas com demência e seus cuidadores, sejam eles familiares, técnicos ou auxiliares das instituições.

Esta solução, proposta pelo Fraunhofer Portugal AICOS em parceria com a Carnegie Mellon University e a LUCA School of Arts foi selecionada como um dos vencedores semi-finalistas do Prémio Longitude sobre Demência.

Cada um dos 24 semi-finalistas recebe 80 mil libras como parte do Prémio Longitude para a Demência, no valor global de 4 milhões de libras, que promove a co-criação de tecnologias personalizadas para ajudar as pessoas que vivem com demência a desfrutarem de uma vida independente e plena. O Prémio Longitude para a Demência é financiado pela Alzheimer’s Society e pela Innovate UK e é realizado pela Challenge Works.

Um bocadinho do nosso novo projeto

Estamos muito contentes pela aprovação do projeto PortoPilot, coordenado por uma colega do grupo de Desenho Centrado em Humanos, financiado no tópico “Desafios do Porto”.

O projeto PortoPilot tem como principal objetivo combater a solidão das pessoas mais velhas através da sua capacitação para o uso das novas tecnologias. O projeto inclui focus groups (discussões em grupo) para aferir as necessidades dos participantes no que toca à interação com tecnologia (principais dificuldades, motivação e interesse) de forma que os investigadores possam identificar as tecnologias e soluções apropriadas para cada pessoa. Após esta fase de investigação inicial, os investigadores facultarão a cada pessoa a tecnologia que se concluiu ser mais apropriada (smartphone, tablet, pulseira de atividade) assim como as aplicações que permitirão o melhor uso dessa tecnologia, de entre aplicações desenvolvidas pelo Fraunhofer Portugal AICOS, ou aplicações já disponíveis gratuitamente no mercado. Será dada uma formação inicial a cada participante (ou grupo de participantes). Durante o decorrer do piloto serão feitas visitas periódicas de acordo com a disponibilidade e necessidades dos participantes. Durante estas visitas serão esclarecidas quaisquer dúvidas que surjam, serão levados tópicos para discussão relacionados com tecnologia ou serão promovidas sessões de formação sobre vários tópicos relacionados também com o uso de tecnologia. No final do piloto serão realizadas entrevistas com os participantes para recolher informação sobre a sua experiência durante o piloto e as suas impressões sobre a utilização da tecnologia, vantagens e dificuldades. 

O piloto decorrerá no Porto e os utilizadores do COLABORAR vão beneficiar deste acompanhamento personalizado do uso de tecnologia. Estamos prontos para começar.

Por que a investigação em tecnologia precisa de uma rede de utilizadores

Uma rede de utilizadores é um grupo de pessoas que concordaram em participar regularmente em estudos sobre o utilizador. Isso permite que os investigadores tenham acesso a utilizadores representativos de um grupo-alvo de uma tecnologia em desenvolvimento. O recrutamento de utilizadores torna-se muito mais rápido e fácil para os investigadores. O Fraunhofer Portugal AICOS tem a sua própria rede de utilizadores. Uns praticam Tai-Chi, outros preferem jogar cartas, uns têm os mais recentes gadgets, outros mantêm-se fiéis ao telemóvel tradicional, há os que cuidam dos netos e da casa e aqueles que não perdem uma oportunidade de viajar. É esta diversidade que torna a nossa rede de utilizadores tão especial. Obtemos diferentes perspetivas que incorporamos para criar tecnologia verdadeiramente significativa para as pessoas.

Consentimento informado em investigação

Quem participa nas nossas atividades já conhece. É o momento em que informamos os participantes sobre a atividade, explicando em que consiste (um questionário, um teste de usabilidade, uma entrevista), qual o objetivo e a finalidade, assim como o enquadramento no projeto em que se insere. Os participantes ficam assim com informação sobre a atividade, podendo então decidir livremente se querem participar. Explicamos e respondemos a dúvidas ou questões e fornecemos um documento em papel, que assinam, e a pessoa responsável pelo projeto assina também. 

Sessões de testes para desenvolvimento de algoritmos

Os voluntários da rede COLABORAR estão a participar num projeto de investigação europeu. COTIDIANA – Sistema móvel centrado do doente para melhorar estudos clínicos e acompanhamento de pessoas idosas com doença reumática – é um projeto co-financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, FFG, Confederação Suíça, Programa AAL e União Europeia. O projeto junta uma equipa multidisciplinar de cientistas, constituída por programadores, especialistas em UX/UI, e investigadores clínicos.

Nesta fase, o estudo consiste em usar smartphones para recolher dados de movimento enquanto os participantes executam tarefas de marcha e de movimentos da articulação do pulso. Os dados que estão a ser recolhidos são fundamentais para os cientistas treinarem os algoritmos dos sensores. Quando o sistema final estiver disponível, as pessoas com doença reumática irão poder ser avaliadas relativamente ao estado físico em ambulatório. Isto significa que o smartphone vai poder monitorizar a destreza manual, a marcha e atividade física, e os padrões de sociabilidade, e todos estes dados irão informar o médico sobre a evolução e estado da doença. Este novo método tem algumas vantagens relativamente à avaliação tradicional em consultório. Os doentes poderão ser avaliados mais frequentemente sem necessidade de se deslocarem ao hospital. Mais ainda, a informação recolhida pelos sensores do smartphone é potencialmente mais objetiva, pois reflete o estado do doente diariamente, o que é potencialmente mais preciso do que a informação subjetiva recolhida através de questionários e de avaliações pontuais pelos médicos, habitualmente a cada 3 a 6 meses.

Primeiro estudo longitudinal concluído com sucesso

Os últimos dois anos foram excecionalmente desafiantes. A pandemia por Covid-19 forçou-nos a realizar investigação de forma remota. Na época, os investigadores do projeto ELAPSE, financiado pela Fundação Gulbenkian, tinham iniciado o recrutamento de participantes e as avaliações iniciais. O projeto continuou e os investigadores distribuíram tablets e smartphones pelas instituições parceiras da rede COLABORAR, o painel de participantes em investigação do AICOS.

O objetivo do projeto ELAPSE era avaliar o impacto da tecnologia no combate ao isolamento social dos mais idosos. Com as medidas de controlo do Covid-19 a impor restrições às visitas aos lares, o encerramento de centros de dia e de convívio, e a limitação de reuniões familiares por todo o país, o papel da tecnologia tornou-se mais evidente. Isto porque as preocupações com o bem-estar emocional dos idosos impulsionaram as instituições a promover ativamente chamadas de vídeo com os familiares dos idosos. Mais ainda, para aliviar a ansiedade e havendo menos atividades de lazer, os idosos começaram a usar a plataforma de jogos desenvolvidos pelo AICOS e instalada nos tablets. Passaram dois anos e os idosos ainda usam os tablets diariamente. Usam para jogar jogos, procurar notícias no Google, e usar o YouTube para ouvir música e ver tutoriais de trabalhos manuais. Os investigadores não podiam estar mais felizes por proporcionarem tecnologia de forma gratuita e verem os idosos a tornarem-se proficientes no seu uso.

A necessidade de realizar o estudo à distância permitiu aos investigadores ganhar competências na realização de investigação remota. O estudo terminou com sucesso e os resultados foram apresentados à Fundação Gulbenkian. A apresentação contou com a participação das diretoras técnicas das instituições que participaram no estudo e serviu ainda para refletir sobre o papel da tecnologia durante a pandemia.

AnathemaServices: design research para lidar com temas tabu

A desenvolver a sua tese de mestrado – AnathemaService – no Fraunhofer Portugal AICOS, Diogo Coutinho está a explorar métodos de design research para lidar com temas tabu como, por exemplo, a sexualidade. Neste sentido, e de forma a preparar a entrada no mercado da aplicação Anathema, foram organizados três workshops com 11 participantes. Estas sessões pretendem ajudar a entender o que as pessoas valorizam num produto, tornando-se uma ferramenta valiosa na definição da customer journey. Em cada sessão foi solicitado aos participantes (voluntários da rede COLABORAR) que executassem várias tarefas, permitindo compreender os serviços e funcionalidades mais valorizados.

“Para enfrentar o problema do estigma, os designers precisam de trabalhar diretamente com os tópicos estigmatizantes que afetam os utilizadores, o que é difícil, uma vez que algumas das metodologias usadas são inapropriadas. O AnathemaService pretende contribuir com novas estratégias para lidar com estigma em atividades de investigação em design”, esclarece Diogo Coutinho.

Rede COLABORAR está de volta… e com um novo espaço de cocriação!

Após mais de dois anos de distanciamento social, a rede COLABORAR está de volta!

Como forma de retomar os testes de usabilidade, presencialmente, foi realizada uma sessão no novo espaço de cocriação do FhP-AICOS. Este espaço é agora dedicado a testes de usabilidade com utilizadores finais, como aconteceu recentemente no âmbito do projeto Anathema.

Numa sessão realizada com 4 utentes (2 casais), um dos parceiros do projeto, SexLab, moderou a primeira parte, um focus group com seniores sobre questões importantes da vida íntima e sexual na idade adulta.

Na segunda parte, o FhP-AICOS moderou um workshop de co-design em que os seniores deram o seu feedback relativamente às ilustrações a utilizar na aplicação, bem como a excertos de textos que foram criados para o programa.

A primeira de muitas sessões a serem realizadas neste espaço!

O Anathema é um projeto europeu para a promoção da saúde sexual, coordenado pelo centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS (FhP-AICOS) que visa desenvolver uma plataforma digital e uma aplicação móvel como forma de implementar programas de promoção da saúde sexual, de acordo com um plano definido em conjunto com psicólogos e terapeutas. O projeto Anathema tem como foco o acompanhamento da sexualidade em adultos com mais de 55 anos e com doenças crónicas.

Diretrizes para estudos longitudinais

Em 2019, a nossa equipa de HCD, com uma vasta experiência em estudos longitudinais, publicou o artigo intitulado “Challenges and Lessons Learned from Implementing Longitudinal Studies for Self-care Technology Assessment”. Agora, e com base nesse artigo, os nossos especialistas prepararam um resumo, com algumas dicas e conselhos sobre como realizar um estudo longitudinal.  

Clique aqui para aceder o documento.


Estudo sobre uso de tecnologia pelos seniores

Este ano, um estudante de psicologia junta-se à equipa do COLABORAR para realizar um estudo sobre o uso da tecnologia pelos seniores.

O estudo longitudinal vai recolher dados acerca do uso de tecnologia pelos seniores. Queremos saber quais os dispositivos tecnológicos que os seniores usam e para que fins utilizam a tecnologia.

O estudante vai aplicar um questionário constituído por várias perguntas acerca do uso de tecnologia, recorrendo aos seniores da nossa rede de utilizadores COLABORAR. Estamos ansiosos por ver os resultados! Os seniores vão ser contactados através do telefone, pessoalmente e através da internet. A sua participação é de grande importância para nós, pois este estudo vai permitir aos investigadores do grupo de Design Centrado em Humanos do Fraunhofer AICOS compreender melhor as necessidades específicas dos idosos. Assim, poderemos construir soluções ainda mais eficazes e úteis para o dia-a-dia de muitos seniores que podem beneficiar da tecnologia!

Brevemente vai estar disponível um link para o questionário para que os utilizadores que vivem longe do Porto possam também participar e estar representados nesta amostra.